O vegetarianismo é uma prática alimentar que exclui o consumo de derivados animais como a carne vermelha e tem como principal fonte de alimentos os vegetais e os fungos. O vegetarianismo emergiu como um movimento alimentar significativo nas culturas ocidentais (1 e 2). Os benefícios de ser vegetariano incluem melhoria da saúde (3, 4), uma menor pegada ambiental (5, 6 e 7) e uma relação mais respeitosa com os animais não humanos (8, 9).
Foram criadas as expressões “vegetariano estrito” e “ovolactovegetariano” para diferenciar as pessoas que têm uma dieta 100% baseada em vegetais e fungos das que excluem as carnes mas consomem laticínios e ovos, respectivamente.
Existem outras dietas e filosofias de vida que propõem a exclusão total ou redução no consumo de derivados animais, como o pescetarianismo, flexitarianismo, peganismo e o veganismo. Neste último caso, além da dieta ser completamente baseada em fungos e vegetais, portanto, similar à dieta vegetariana estrita, há a preocupação ética com o bem-estar dos animais envolvidos na produção de qualquer alimento, produtos e utensílios.
Por isso, o vegano (que é um vegetariano estrito em relação à dieta), evita cosméticos testados em animais; qualquer tipo de carne, laticínios e ovos; objetos de couro; entre outros produtos que envolvam sofrimento e contenham derivados, excreções ou partes do organismo de qualquer animal.
Ser vegetariano pode resultar numa vida mais longa, de acordo com um estudo publicado no periódico JAMA Internal Medicine. Segundo a pesquisa, realizada por profissionais da Universidade Adventista do Sétimo Dia de Loma Linda, nos Estados Unidos, quem é vegetariano estrito (que só come vegetais e fungos) tem um risco 15% menor de morte, enquanto quem é ovo-lacto-vegetariano (que têm uma dieta baseada em vegetais, ovos, leite e produtos derivados destes) têm um risco de morte 9% menor que pessoas que comem carnes. Já os pesco-vegetarianos (que comem peixe, vegetais, ovos e laticínios) têm um risco 19% menor de morte. Por fim, os semivegetarianos (consomem menos carne que uma pessoa em dieta padrão e não ingerem carne bovina e suína, embora comam carne de frango e peixe) têm um risco 8% menor de morte em comparação com os que se alimentam de carne com mais frequência.
Um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford, que saiu no início de 2013, mostrou que ser vegetariano reduz o risco de doença cardíaca em 32%, em comparação com uma dieta baseada em carne e peixe. Essa pesquisa abarcou 45 mil pessoas no Reino Unido, sendo 34% delas vegetarianas. Os pesquisadores descobriram nesse estudo que aderir ao vegetarianismo gera menos propensão a ter índices de massa corporal elevado, como também a ter diabetes. Um estudo de 2011 publicado na revista Diabetes Care mostrou que ser vegetariano está associado a uma diminuição de fatores do risco de síndrome metabólica, que é um conjunto de distúrbios que estão associados com um risco maior de diabetes e doença cardiovascular.
Uma revisão de 25 estudos localizados na plataforma PubMed concluiu que uma dieta com redução nos produtos de origem animal contribui para a redução do risco de obesidade e diabetes tipo 2. Além de melhorar marcadores de saúde metabólica e pressão arterial e desempenhar um papel no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn.
De acordo com uma pesquisa da Universidade de Yale, a produção da carne vermelha tem um impacto ambiental muito maior em comparação aos outros tipos de carnes (porcos e aves), vegetais e derivados de animais (laticínios e ovos). Isso porque, de acordo com estudo, há perda de energia trófica com o processo de ruminação dos bovinos.
O estudo analisou a quantidade de terra, água e fertilizantes nitrogenados necessária para expandir a produção de carne e comparou com a de aves, porcos, ovos e laticínios. Concluiu-se que entre 2% a 12% da energia bruta consumida pelos bovinos é desperdiçada na produção e na eliminação do gás metano.
“Apenas uma fração dos alimentos consumidos pelo gado passa à corrente sanguínea, de forma que parte da energia é perdida”, disse o especialista que liderou a pesquisa Gidon Eshel.
A alimentação do gado com grãos em vez da grama agrava essa ineficiência, apesar de Eshel apontar que mesmo o gado alimentado com grama ainda apresenta maior pegada ambiental que outros produtos de origem animal.
Eshel ainda afirmou que “comer menos carne vermelha reduziria mais a pegada de carbono do que desistir de se locomover de carro”.
Um estudo sueco mais antigo sugere que uma dieta vegetariana estrita, pode diminuir os sintomas da asma. Vinte e dois dos 24 participantes que fizeram dieta vegana por um ano tiveram melhorias, incluindo menos dependência de medicamentos.
Pensa-se que certos alimentos de origem animal podem produzir uma resposta a alergias ou inflamações, portanto, remover esses alimentos da dieta pode reduzir essas respostas.
A produção de alimentos vegetais exige muito menos espaço de terra do que a produção de alimentos de origem animal. Em um hectare de terra, por exemplo, é possível plantar 42 mil a 50 mil pés de tomate ou produzir apenas uma média de 81,66 Kg de carne bovina por ano. Assim, a alimentação vegetariana estrita estimula a diminuição do desmatamento.
A economia de água também é bastante significativa: para se produzir um quilo de soja (que é fonte de proteína completa), são gastos 500 litros de água, enquanto para um quilo de carne bovina, são necessários 15 mil litros.
Estudos mostraram que reduzir o consumo de derivados animais alivia a pressão sobre o uso da terra (10, 11) e e pode ser essencial para evitar impactos ambientais negativos, como grande expansão agrícola (12).
Mudar as dietas pode ser mais eficaz do que as opções tecnológicas de mitigação para evitar as mudanças climáticas, de acordo com um estudo. Outros três estudos concluíram que uma dieta baseada em plantas contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa (13, 14 e 15). Outra pesquisa mostrou que, se fosse adotado mundialmente, o vegetarianismo reduziria o aquecimento global em mais de 2°C, garantindo o acesso a alimentos seguros e acessíveis para uma população global crescente (16 e 17).
Estudos descobriram que, em populações de baixo risco, aderir ao vegetarianismo reduz o risco de câncer em geral. Verificou-se que uma dieta vegana (vegetariana estrita) reduz o risco de câncer mais do que outras dietas, oferece maior proteção contra cânceres de mulheres e contra cânceres do trato gastrointestinal.
Uma pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences concluiu que, se todos adotassem uma dieta baseada em plantas, até 2050, seriam evitadas 8,1 milhões de mortes. A transição para dietas baseadas em plantas, alinhadas às diretrizes alimentares padrão, pode reduzir a mortalidade global em 6 a 10%.
De acordo com a mesma pesquisa, os benefícios econômicos de uma dieta vegetaria mundial ajudariam a economizar de 1 a 31 trilhões de dólares, o que equivaleria a 0,4 a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2050.
A Comissão EAT-Lancet de Food, Planet, Health reuniu mais de 30 cientistas líderes mundiais para chegar a um consenso científico sobre o que é uma alimentação saudável e sustentável. O estudo, publicado na revista The Lancet, concluiu que a produção e o consumo de alimentos devem mudar drasticamente para evitar milhões de mortes e danos catastróficos para o planeta.
A saída para evitar esses dois cenários é uma mudança significativa na dieta: comer metade da quantidade de açúcar e carne vermelha que é consumida atualmente e dobrar a quantidade de vegetais – isso inclui grãos, legumes, folhas, vegetais, frutas secas e frescas.
Os pesquisadores da comissão afirmam que se as pessoas seguissem essa dieta, mais de 11 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas a cada ano, as emissões de gases do efeito estufa seriam reduzidas e mais terra, água e biodiversidade seriam preservadas.
Outra pesquisa mostrou que, se todos fossem vegetarianos. as emissões de gases de efeito estufa relacionadas a alimentos seria reduzida em 29 a 70% em comparação com um cenário de referência em 2050.
De acordo com uma análise, a saúde, os benefícios para o meio ambiente e os direitos dos animais representam as três principais razões pelas quais as pessoas aderem ao vegetarianismo nas sociedades ocidentais.
Se você quer ser vegetariano, mas quer ir com calma, siga algumas dicas para se habituar à prática. Comece sem comer carne na segunda-feira e depois passe a ser um vegetariano ao longo dos dias úteis.
Se você está considerando aderir ao vegetarianismo, elabore um plano alimentar para garantir que você possa obter todos os nutrientes de que seu corpo precisa e não se culpe com “recaídas”, qualquer mudança de hábitos é um processo que leva tempo.
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