Quorn: a proteína derivada de fungos

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Quorn é um tipo de proteína microbiana chamada de micoproteína que é feita a partir do fungo Fusarium venenatum. Ela é produzida a partir de um processo de fermentação similar ao da cerveja e alguns pães. 

O alimento, por conter alto teor proteico, além de apresentar uma textura e um gosto parecidos com o da carne, é comumente usado como uma alternativa vegetariana ou vegana da proteína animal. 

Embora a origem da proteína microbiana seja datada na década de 70, a produção de Quorn, oficializada pela empresa inglesa do mesmo nome, começou em 1985. A Quorn® é uma das pioneiras na comercialização desse tipo de proteína, e desde então conta com diversos produtos de proteína vegetal, como nuggets, carne moída, salsichas e hambúrgueres. 

De acordo com o jornal britânico The Times, a indústria de Quorn pode estar seguindo os passos de outras alternativas de carne, possivelmente se tornando bilionária em 2027. 

Cogumelo: benefícios para a saúde e usos diversos

Nutrição

Além de ser uma fonte de proteína completa e que providencia todos os aminoácidos necessários, a micoproteína que dá origem ao Quorn também é rica em fibras e contém pouco teor de gordura saturada. Isso significa que o alimento, embora processado, oferece mais benefícios que algumas carnes do mercado. 

O consumo de carne em si pode apresentar diversos riscos para a saúde. De acordo com um estudo publicado em 2020, por exemplo, o consumo excessivo de carne processada e produtos de origem animal pode ser prejudicial à saúde humana, com evidências relacionadas ao câncer, doenças do coração, doenças metabólicas, obesidade, diabetes e a episódios de acidente vascular cerebral. 

A micoproteína, diferentemente, por seu alto teor de fibras, aumenta a sensação de saciedade, o que pode regular os níveis de açúcar no sangue, além de ser benéfico para pacientes obesos. Além disso, um estudo comprovou que o consumo de micoproteína pode ajudar na redução dos níveis de colesterol ruim do sangue. 

Vegano ou vegetariano? 

O Quorn em sua forma natural é vegano, uma vez que é derivado de um fungo. Porém, empresas que comercializam esse tipo de proteína podem adicionar produtos de origem animal em sua composição, como a clara de ovo

Esses são casos à parte, uma vez que a empresa Quorn® em si produz ambos os tipos de alimento — adequados tanto para veganos quanto vegetarianos. 

Meio ambiente 

Uma pesquisa realizada pelo Potsdam Institute for Climate Impact Research na Alemanha comprovou que a substituição de 20% da carne por proteína microbiana poderia reduzir o desmatamento pela metade. 

O estudo foi baseado em modelos de computador, onde a demanda de carne e outros fatores socioeconômicos eram considerados. A análise dos cientistas conseguiu provar que a substituição de apenas um quinto da produção de carne pela proteína microbiana até 2050 poderia reduzir o desmatamento em até 56% — o equivalente a 78 milhões de hectares. 

Outros modelos do estudo provaram que o corte de 50% na produção de carne poderia reduzir o desmatamento em 82% até 2050.

Proteína derivada dos cogumelos pode reduzir o desmatamento

O Quorn emite 95% CO2 a menos que a carne convencional, uma vez que não conta com campos de pasto e com a comida e água necessárias para alimentar gado. 

De acordo com o site da empresa, a pegada de carbono do Quorn® é 40 vezes menor que a da carne de boi, além de levar 30 vezes menos água na sua produção. Em 2012, a sua pegada de carbono foi reconhecida pela Carbon Trust, tornando-se a primeira fonte de proteína sem carne a ser creditada pela conquista. 

Efeitos adversos

Como todo o alimento, o Quorn pode apresentar efeitos adversos em alguns consumidores. Em casos documentados, um dos principais efeitos são gastrointestinais, como a diarreia. Entretanto, embora os casos de alergia sejam baixos e a micoproteína não seja considerada um alérgeno, algumas pessoas também apresentaram reações alérgicas à ingestão do alimento. 

Alimento processado

Mesmo sendo um alimento plant-based, o Quorn, como a maioria dos outros substitutos de carne (com exceção, talvez, da proteína-de-soja), é super processado, contendo outros ingredientes estabilizantes para que sua composição e textura fique similar à carne. 

Carne processada: o que é, riscos e impactos

Nesse caso, o alimento em si não é natural, mesmo muitas vezes sendo isento de ingredientes animais. Por isso, ele não faz parte de uma alimentação natural e pode ser visto negativamente por algumas pessoas. 

Em contrapartida, é importante notar que as dietas veganas e vegetarianas não são necessariamente saudáveis, mesmo com a exclusão da carne. Açúcares, sal e gorduras podem ser adicionados em diversos alimentos à base de plantas, o que os tornam não tão bons para a saúde. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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